Bahia não cumpre meta do MEC para a educação, aponta Ideb
Estado tem a quarta pior nota do país, segundo avaliação do Ideb; desempenho em português e matemática no ensino médio ocupa o último lugar do ranking
Os dados divulgados ontem pelo Ministério da Educação (MEC) apontam que a Bahia está longe de alcançar as metas estabelecidas pelo Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (ldeb).O estado baiano deveria ter alcançado uma nota de 4,5 para o Ensino Médio, que é de responsabilidade do governo estadual, mas obteve apenas 3,7. Para especialistas, a distância enorme para a meta principal é preocupante.
O índice divulgado ontem mostrou que a Bahia cresceu somente dois décimos em relação ao Ideb de 2021, quando o estado registrou a nota de 3,5. “Quando fazemos o comparativo com outros estados, percebemos que somos o nono Ideb dentro do país. Isso quer dizer que não estamos bem. Dois pontos não representam qualquer tipo de conquista da qualidade educacional que possamos festejar. Nós estamos ainda muito mal no que concerne às metas necessárias para uma educação de qualidade na Bahia”, pontuou o professor titular da Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia (Faced/Ufba), Roberto Sidnei Macedo.
"Quando fazemos o comparativo com outros estados, percebemos que somos o nono Ideb dentro do país. Isso quer dizer que não estamos bem"
Roberto Sidnei Macedo, professor titular da Faculdade de Educação da Ufba
O Ideb é uma medida composta pelas notas de desempenho dos estudantes brasileiros, que são apuradas pelo Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), juntamente com as taxas de aprovação, reprovação e abandono, apuradas no Censo Escolar. Ele varia de 0 a 10. Quanto melhor o desempenho dos estudantes e o índice de aprovação, mais elevado será o Ideb.
Os índices negativos da Educação baiana refletem em outras áreas. Isso porque, segundo Roberto Macedo, o indicador reproduz desigualdades sociais. “Também comete-se um erro social, produzindo uma injustiça social que concerne às condições necessárias de aprendizado para que as pessoas possam exercer plenamente a cidadania. Estamos olhando para uma realidade que só uma elite do nosso país tem as condições concretas para o exercício da cidadania como condição”, explicou.
Presidente executiva do Movimento Todos pela Educação, Priscila Cruz avaliou que a situação da Bahia ainda permanece “complicada e é de alerta vermelho”. Para ela, o país precisa resolver com celeridade a questão da estagnação das metas. “O Brasil está no patamar de antes da pandemia, o que é muito ruim porque o mundo avança, a tecnologia avança, e a gente não avançou”, acrescentou.
Para alcançar a meta estabelecida pelo MEC, estratégias precisam ser elaboradas pelo governo estadual. Macedo disse que para ter o índice ideal deve haver a união de dois fatores: formação contínua de professores e condição de trabalho docente na completude das necessidades do sistema educacional da Bahia.
“Adensar os sistemas com professores com contratos precários, como são os Redas (Regime Especial de Direito Administrativo), na realidade, é uma alternativa que não eleva a qualidade de educação da Bahia. São trabalhadores precarizados. Há necessidade de professores concursados, com salários dignos, assistência digna, para que a qualidade do trabalho docente reverta no Ideb”, complementou.
A Secretaria de Educação do Estado da Bahia (SEC-BA) disse que a Bahia teve avanços na área. Segundo a secretária da pasta, Rowenna Brito, os resultados foram obtidos por “investimentos importantes no acesso, permanência e aprendizagem dos nossos estudantes”.
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